2) Organização: o que é, o que não é

Organizações não são seres ou entidades separadas das pessoas ou da sociedade. Elas não são uma totalidade física, como um edifício, nem uma totalidade mística isolada da realidade concreta. Elas não têm vontade própria, então é incorreto dizer “a organização mandou fazer…” Elas não são objetos, não podem ser possuídas, então é incorreto dizer “eu tenho uma organização.”

Uma organização é um processo histórico impulsionado por um grupo de pessoas com um objetivo em comum.

Toda organização está inserida dentro de um contexto social e, portanto, obedece certas lógicas sociais. É formada e desenvolvida pelas relações que as pessoas têm entre si, com outros grupos e com a sociedade em geral. Essas relações são, ao mesmo tempo, políticas, econômicas, culturais e afetivas.

Quem participa de um coletivo ou movimento de luta social é chamada/o de “ativista” ou de “militante”. A diferença é que a/o militante realiza um trabalho de base (ver seção 3.4), enquanto a/o ativista opta apenas por realizar ou participar de ações e atividades. Nessa cartilha, para generalizar, será usado o termo “participantes”.

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Uma organização é popular:

  • Quando ela parte do povo, da sociedade civil, e não de instituições estatais ou privadas.

  • Quando tem abertura para a participação ampla do povo.

  • Quando é voltada para os interesses do povo, para a sua luta e resistência contra as forças que o oprimem.

  • Quando nela é posta em prática a democracia direta e radical, com ampla participação de todas as participantes em todos os espaços, sem separação entre “quem manda” e “quem obedece”.

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Uma organização é autônoma:

  • Quando suas normas e relações são construídas de dentro para fora, pelas participantes, e não determinadas de fora para dentro.

  • Quando ela não depende da tutela nem dos recursos de qualquer pessoa ou grupo externo.